01 de Agosto
II Pedro 1:3 “Visto como seu divino poder nos tem dado tudo… por sua própria glória e virtude”
Monjolo
Normalmente para descascar os grãos e para moer grãos eram usados os escravos que faziam
no pilão. Com a proibição da escravatura, os fazendeiros recorreram a uma nova técnica, uma
máquina rudimentar, semelhante a uma gangorra que tinha seu equilíbrio alterado quando se
enchia de água um de seus lados. Ela então descia com o peso da água e voltava ao seu ponto
de equilíbrio socando os grãos dentro de uma gamela redonda de madeira, semelhante ao pilão
que eles conheciam. Com o efeito gangorra, a água impulsiona a ferramenta fazendo-a ter
movimento. Em uma extremidade, uma concha é enchida com a água, fazendo a outra parte,
equipada com uma estaca, se levantar. Ao esvaziar a cuba, o movimento se inverte. Com esse
movimento, os grãos vão sendo socados e moídos dentro de um pilão. Servia para descascar
arroz, triturar e moer o milho para fazer fubá e farinha, para moer o trigo e tudo que precisasse
ser pilado podia ser feito no monjolo. Era comum as galinhas virem catar os grãos que
acidentalmente espirravam fora da gamela e iam se aproximando a ponto de entrarem na
gamela para comer diretamente e nesse momento o monjolo descia e esmagava as galinhas da
fazenda. A literatura brasileira está cheia de histórias de romances que se desenrolaram ao lado
do monjolo. Geralmente era um escravo galanteando um escrava às escondidas do patrão,
coisas do romantismo brasileiro. Os historiadores afirmam que foi Brás Cubas, um descendente
da coroa portuguesa, que viajando pela Ásia viu na China o primeiro monjolo e o trouxe para ser
instalado na capitania de São Vicente, onde os indígenas o apelidaram de guaguaçu,
significando grande pilão na língua guarani. Para quem usava pilão, o monjolo significou um
grande avanço, a modernização do método, porque dispensava o esforço humano e trabalhava
com a força da água que naturalmente descia das colinas e fazia o monjolo socar sem parar, às
vezes passando a noite socando os grãos que iriam ser usados na próxima refeição da fazenda.
O monjolo marcou tanto a vida do Brasil colônia que até hoje a palavra é nome de cidades, de
rios e só em Minas Gerais há 31 referências ao monjolo como toponímia (Toponímia é nome de
lugares). Os monjolos, além de ecologicamente corretos, foram fundamentais para o
desenvolvimento das atividades rurais nos séculos XVIII, XIX e XX. Até o advento das máquinas
a vapor estacionárias, o monjolo reinou absoluto nos meios rurais e os compradores de fazendas
davam preferência àquelas que tinham abundância de água capaz de tocar um monjolo, o que
valorizava as terras produtoras. Até a indústria ervateira do Rio Grande do Sul se beneficiou da
tecnologia dos monjolos. Quanto ao funcionamento do pilão em termos técnicos, a física se
encarrega de explicar com o deslocamento do centro da massa fazendo desiquilibrar a gangorra.
O monjolo funciona com o desequilíbrio da sua massa, mas nós quando estamos
desequilibrados não funcionamos. “Virtus médium est” diria um romano (A virtude está no meio) .